sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Inspiração paralela.

Há os que acreditam em amor à primeira vista; tudo bem, podem até ter razão. Por mim, prefiro acreditar em paixão à primeira vista.
A paixão à primeira vista é algo inexplicável e incontrolável. Nos faz sair do eixo, desejar momentos e situações improváveis, duvidar de nossas próprias convicções.
Essa tal paixão é como um dia de sol em um mês chuvoso; traz luminosidade, calor, e quase nos faz acreditar que vai perdurar, mas com a chegada da noite vai-se para não mais voltar.
Creio que para a maioria das pessoas a referida paixão seja apenas um caso platônico, tão idealizado e intocável que chegamos a temer que, se realizada, perca sua graça e sentido.
Bom, no meu caso não foi assim. Eu tive minha paixão à primeira vista, meu sonho de consumo, totalmente realizado e da maneira que eu esperava que fosse.
Tudo começou realmente com um olhar, íris de um castanho profundo que me fez perder a noção de espaço e tempo. Depois um ligeiro cumprimento e um beijo suave que me tirou todo o chão e o ar.
Confesso que no primeiro momento tentei fugir, tentei negar o que senti, afinal de contas ele era exatamente o oposto de tudo aquilo que eu desejava.
Um homem, fisicamente desajeitado, fora dos padrões idéias de beleza, pouco acima do peso, e para completar, um figurino de mau gosto e um cabelo completamente estranho.
No entanto, era justamente esse conjunto inusitado que me chamava atenção. A cada momento àquela imagem me retornava à cabeça e eu fui aos poucos me deixando enlouquecer.
Nossas vidas seguiam movimentos distintos, entre nós não havia muita conexão nem nas amizades nem nos locais que freqüentávamos; então, depois da primeira, poucas foram as vezes que nos reencontramos.
A cada vez que eu o via corria em minha mente um milhão de dúvidas e impasses; aquela situação me fazia questionar acerca das minhas decisões e punha em cheque muitas de minhas convicções.
Afinal de contas porque ele mexia tanto comigo? Quando estava perto eu não sabia se queria que fosse logo para longe e assim acabasse com meu tormento, ou se queria que permanecesse ainda que a única coisa que pudesse fazer fosse olhá-lo.
Em nossas conversas, aparentemente aleatórias e deslocadas, eu acabava por notar diversas coisas em comum; mesmo time de futebol, mesmos gostos musicais, e outras coisas que foram ao longo do tempo contribuindo para aumentar nossa afinidade.
Até então nosso contato era meramente diplomático, e poderia, com o passar do tempo, dada as afinidades, tornar-se talvez uma bela amizade. Apesar do desejo eu jamais poderia imaginar que algo realmente viesse a acontecer entre nós.
Certa noite, depois de muita insistência, eu resolvi sair com alguns amigos de faculdade que há tempos não via. Eu andava um pouco desaminada nos últimos dias, logo, uma festa diferente e com pessoas animadas era tudo que eu precisava para me recuperar.
Fomos a tal festa em uma boate nova, com mais algumas pessoas que ainda não conhecia, mas todas muito divertidas. O som era bom, os amigos me alegravam, e bebidinhas aqui e ali começaram a me animar.
De repente, eis que vejo próximo ao bar da balada o rapaz que andava invadindo meus sonhos e mexendo com minhas fantasias recentes. Imediatamente nos reconhecemos na multidão e começamos a conversar.
Com o ritmo da música, a proximidade de nossos corpos e, creio, um desejo mútuo, acabamos por nos beijar. Como eu já imaginava; um beijo doce, forte, sedutor, uma química inexplicável que não deixava espaço para mais nada.
Aquela foi a primeira e única vez; mas foi extremamente significativa e memorável. Foi para mim a realização de um sonho, tive quem eu queria e da forma que imaginava.

Xoxo.

Um comentário:

  1. Ah, essas paixões! São inexplicáveis, são arrebatadoras. O que fazer? Vivê-las!
    BjO*

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