segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Reflexos alheios.

Respingos de sangue na parede...
Um espelho quebrado, cacos espalhados pelo chão. Um cenário de desolação.
Joana encontra-se deitada no chão da sala já sem vida. Após inúmeras noites de choro convulsivo ela finalmente decide por fim ao seu sofrimento.
Ela nunca foi uma menina feliz, desde a infância vivia sendo posta de lado pelos colegas de classe.  Não tinha amigos para brincar e dos poucos que apareciam eram unicamente por interesse.
Por esse motivo ela pouco falava, pouco saía de sua casa, e para refugiar-se da solidão que se fazia presente em sua vida acabava por viver em um mundo só seu.
Na adolescência as coisas se tornaram um pouco mais complicadas. Joana não mais podia abrigar-se em um mundo de fantasias e a realidade tornava-se cada dia mais cruel. A falta de colegas para conversar a oprimia demasiadamente.
Ao seu redor meninos e meninas conversavam e se divertiam, muitos já tinham namorados ou namoradas, mas Joana simplesmente não conseguia fazer parte dessa rede social.
Com o passar do tempo isso trouxe muitos aborrecimentos a garota, que se sentia inferiorizada e desmerecedora de afeto, chegando por vezes a passar horas e horas chorando por não ter sequer amigos para conversar.
Chegando aos 30 anos a moça finalmente conheceu alguém. Ela imaginou que, apesar de tanto tempo sozinha, tinha valido a pena esperar por tal pessoa tão especial e dedicada. Joana conheceu uma moça bastante carinhosa e gentil, parecia bom.
Apesar do enorme medo de se magoar, Joana se entregou a essa paixão de modo profundo. A mulher que ela conheceu a fez acreditar que ela era uma pessoa especial e a fez ter esperança de que finalmente seria amada.
No entanto suas palavras não passavam de mentiras criadas propositadamente para fazer Joana se apaixonar, e tornar-se mais vulnerável para que pudesse ser magoada, ferida e destruída.
Depois de um curto espaço de tempo a tal mulher se foi sem deixar maiores explicações; deixando atrás de si apenas feridas abertas e um imenso rastro de desespero e desesperança.
Joana tentou, com todas as suas forças, voltar à sua vida despovoada de antes; mas isto seria impossível agora que conheceu os benefícios de se ver acompanhada; mas a dor do abandono a machucava demais.
Além de se ver obrigada a voltar à solidão, agora ela se via mais e mais desmerecedora de carinho e atenção. Ela supunha que jamais iria voltar a ter alguém e que viveria pra sempre só.
Hoje, olhando no espelho, Joana viu apenas o desespero, a tristeza; e decepcionada com este cenário, cansada da imagem que via, ela quebra o espelho rasgando seus pulsos com os cacos encontrados no chão.
Respingos de sangue na parede...

Xoxo.

2 comentários:

  1. Olá,Lobinha.Que legal o seu Blog.Há tempo que não via alguém derramar palavras,que lembram os românticos do Séc.XIX.Percebo que suas experiências lhe trazem grandes lições.Você põe impressionabilidade nas suas palavras.Entretanto,descreve-as com afetividade e sonho.Isso é poético e gostoso de ler.Parabéns.

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  2. Lindo! e ér aai que agente repara que tudo vale apena atraves das simples palavras ^^

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